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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Diário de Pulacâmara - 1054 da Era dos Mitos

O tempo passou rápido desde a última vez que escrevi neste registro diário, mas agora sinto que este ano escoará lentamente... A situação crítica nas planícies à leste da Muralha Trançada, com hordas de goblins dominando a região, nos fazem pensar que estamos diante de outra guerra iminente contra a Ameaça Maquinal. Mas fundamos nossa morada e a fortificamos, e três anos se passaram e não sofremos sequer um único ataque... Apesar das festas que ocasionalmente damos para animar à todos, posso sentir que nos tornamos gradativamente mais calados, como quem se prepara para um impacto no escuro. Foi assim, nessa incerteza angustiante que descobri que existe um inimigo ainda mais insidioso e cruél que os goblins: o silêncio!

Este ano fui convocado para me tornar o feitor de Sacovelho. Quando nossa expedição chegou ao seu destino e fundamos o forte, nosso líder expedicionário não tinha mais uma função tangível. Naturalmente, ele decidiu seguir com a administração local, apesar de não constar formalmente de suas obrigações. Foi assim que criamos a figura do feitor: um cargo extraoficial e anual, na qual escolhemos alguém competente para administrar Sacovelho de modo geral e mais meticuloso do que lhes permite o devaneio dos nobres

Eu recusaria, se pudesse, mas o estado das coisas em Sacovelho urge que nos preparemos para a guerra iminente e - considerando que no ano passado vimos o esfacelamento da compartimentalização das oficinas de trabalho (individualizadas para nos proteger caso algum artíficie se visse tomado por estranhos humores), bem como o total bloqueio da passagem das caravanas até nosso entreposto comercial - decidi que era melhor tomar as rédeas da situação!

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Assim que começou o mês de Granito, comecei minha nova função. Primeiramente comandei que nossos peões removessem o estranho arranjo de portas e paredes que fizeram na entrada do entreposto - mesmo após vários rabiscos tentando viabilizar uma entrada para as caravanas comerciais, ficou claro que do jeito que estava, era intransponível:

Destruídas as paredes, nos voltamos para o problema de acomodação: Há três anos éramos apenas sete anões, e agora temos um efetivo superior a cem barbas - notícias dos nossos feitos em Sacovelho atraíram diversos refugiados dos ermos e regiões montanhesas d'O Dedo dos Zênites e da Muralha Trançada.
Começamos então as escavações para criação de mais acomodações para os habitantes que já vivem em Sacovelho, e os que estão por vir. Sacovelho será o coração do reino da Relíquia da Adoração!
No começo ano começamos diversas obras simultaneamentes. Com o objetivo de tornar o forte mais resistente à longos cercos, estamos aumentando as acomodações e construindo um sistema de abastecimento de água interno. Paralelamente Likot, o pedreiro, começou a construção de uma Devastadora Atômica Duárfica.
Poucos engenhos mecânicos nos são mais caros que uma Devastadora Atômica Duárfica. Não é um mero compactador de lixo primitivo, como a dos humanos, tampouco uma imunda composteira élfica. Nossas Devastadoras Atômicas fazem uso da impressionante força das pontes levadiças duárficas para aniquilar qualquer coisa depositada embaixo dela rumo ao oblívio.

Nossos sistema de abastecimento de água consiste em canais para desviar água de lagos e do rio até uma reservatório, abaixo de um salão com cinco poços artesianos. O projeto foi um sucesso e agora não precisamos perder tempo e nos arriscar em longas caminhadas na superfície para coletar água. No entanto até a primeira metade da primavera só havíamos finalizado a primeira etapa deste projeto.

Sua segunda etapa, iniciada logo depois, consistiu em escavar um sistema similar - embora menor - quase uma centena de níveis abaixo do solo. Em 52, meu bom amigo Phillipe ficou preso e isolado enquanto trabalhava numa escavação na metade das escadarias que levam às minas profundas. Esquecido e desidratado ele pereceu sozinho, num buraco nas profundezas da terra... Jurei que jamais deixaria algo assim acontecer novamente. Foi pensando nisso que recomendei a construção da segunda etapa do abastecimento de água, assim, espero que ninguém mais morra de sede na escudirão das minas.

No entanto, não foi sem perigo que conseguimos concluir estes projetos: Um equívoco na ordem das tarefas a serem cumpridas acabou por fazer com que a porta que controla a entrada de água no reservatório, na primeira etapa do abastecimento, trancasse dois anões nos canais de água, justamente no momento em que estavam inundando o local.
Gestal, um dos anões encarregados dos canais, ficou para trás, incapaz de vencer a força das torrentes de água que rapidamente enchiam o local. Um dos anões alcançou a porta, apenas para descobrir que estava trancada. Enquanto ele batia à porta desesperado, outro anão se dirigiu len-ta-men-te até a alavanca de controle, salvando-o no último segundo. Mas Gestal ficara para trás!
 O infeliz do anão foi arrastado em direção ao lago mais próximo e, quando toda esperança havia acabado, eis que Gestal desponta, esbaforido, mas ileso, na superfície do lago. Naquela noite todos celebramos com uma festa, regada à muita cerveja duárfica e gargalhadas sobre a forma épica como o anão escapou da perigosa empreitada.

Dia 28 de Ardósia chegaram mais imigrantes, e nossos esforços com as novas acomodações foram recompensados. Poucos dias depois concluímos a segunda etapa do abastecimento de água, começamos a construção de uma torre de vigília nas muralhas externas da citadela, a construção de mais quartos e oficinas, bem como iniciamos a prospecção de uma nova área apenas para as forças militares.

E nenhum ataque goblin aconteceu...

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No dia 17 de Hematita, uma caravana humana passou por perto, mas seguiu caminho alegando que a passagem estava intransponível. Mas como? Pela minha barba! Por acaso não mandei que retirassem os entulhos desnecessários? Aparentemente havia ainda uma armadilha deixada em frente à entrada. Corremos para tirá-la e felizmente a caravana deu meia volta e se instalou no entreposto comercial.

Também começamos as escavações de uma nova área para produção aglícola, para expandir a variedade de cultivo. Para tanto construímos um sistema de irrigação que desviava parte da água de lagos acima, para irrigar o solo subterrâneo. No futuro espero que possamos remanejar todas as plantações para estas câmaras.

No meio do mês de Calcário, nossos compatriotas chegaram ao entreposto comercial. O líder da caravana nos informou que o mundo estava como sempre, sem grandes acontecimentos recentes. Fizemos uma lucrativa transação comercial e abastecemos nosso forte com provisões importadas. Poucos dias depois mais imigrantes chegavam. Bem a tempo de formarmos nosso primeiro esquadrão de atiradores de elite.

O inverno se aproximara, junto com o fechamento de um ano longo, pacífico mais prolífico. Perto do fim Zas Dumatakur - o ferreiro - e Tossid Athelnebél - o mercador - foram tomados por uma disposição visionária e criaram, respectivamente, Stettadamost Gasìslorbam - a jaula de zinco - e Meban Gorroth - uma estatueta de carvalho de Álat Alvoesmorecer.

 


Criamos também nosso primeiro esquadrão de arqueiros, que escolheram para si o viril nome de Desfrute Turquesa. Os mesmos foram ordenados à uma rotina de treinamentos intensos na nova caserna, localizada no ponto mais alto do morro de Sacovelho. A nova caserva compreende espaços para treinos, alojamentos e refeitório, além de sua própria fonte de água. Também possui janelas fortificadas nas laterais do morro, que possibilitam que os arqueiros ataquem qualquer invasor entre a caserna e a torre de vigília. Por fim, a mesma possui um portão protegido por uma ponte levadiça, através do qual as tropas de infantaria podem engajar qualquer inimigo no campo imediatamente.


Nossas últimas obras incluiram um novo salão, abaixo da nova área de plantio, que contém oficinas, ateliês e depósitos, agrupados numa disposição de acordo com o tipo de materia-prima que utilizam e com o tipo de manufatura ou engenho que produzem. Também fizemos um amplo salão de três andares de altura, sendo que o mais alto possui quatro varandas, mas que não estão sendo utilizadas ainda.

O ano acabou, e com ele meu mandato. Abaixo, reproduzo meus rascunhos das alterações feitas no forte, espero que sejam de grande valia para meu sucessor...

Sistema de irrigação de fazendas. Controlado por alavancas no local.
Salão de plantação agrícola, irrigado pelo sistema acima.

Poço artesiano nas minas mais profundas.
Nova caserna para tropas.

Devastador Atômico Duárfico.
Poços principais
Novo salão de oficinas e ateliês

Salão sem uso.


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terça-feira, 10 de março de 2015

O mandato de Bâhdleop Tintaliado, ferreiro-mestre, no ano de 1052, como contado pelo próprio em seu diário

Extratos retirados do diário do Feitor e ferreiro-mestre Bâdleop Tintaliado, da fortaleza de Sacovelho, do império Relíquia da Adoração. As demais entradas são de pouca relevância, maçantes, ou de estilo rebuscado demais para serem consideradas importantes. Aquilo que aqui se encontra é suficiente, entretanto, para informar o relatório sobre os acontecimentos do ano de 1052 no referido local. Gravuras da fortaleza em anexo.

2 de Granito, 1052
Hoje eu, Bâhdleop Tintaliado, dou início à minha jornada como feitor de Sacovelho. Cheguei aqui em meados do outono passado e, confesso, tinha poucas esperanças sobre o lugar. Afinal, o nome em si não é exatamente exaltador e, apesar da cercania pacata, tocas imundas de malditos goblins não ficam longe. Mas, bem, aqui estou e, mesmo sem saber bem o motivo, fui escolhido para zelar pelo lugar durante o próximo ano.

O feitor anterior, Oddiväl Pulacâmara, participou da construção de boa parte da fortaleza atual e pôde me informar detalhadamente de seu estado. Até me forneceu algumas gravuras que retratam com certo detalhe, e até mesmo algum requinte, os meandros de seus corredores. Tudo será de grande auxílio, já que pretendo expandir grandemente o lugar. Somos apenas 20 anões no momento, dezenove descontado o pobre Aban, encalacrado, louco, à espera da morte, mas creio que não demorará até que dobremos em número. De fato, prevejo um brilhante futuro para Sacovelho. Ugh... talvez devêssemos mudar esse nome.

***
15 de Granito, 1052
Depois de analisar calmamente a disposição atual da fortaleza e sabendo da proximidade de goblins, resolvi que minhas prioridades deveriam ser: um, construir e equipar um hospital, que necessariamente precisará de uma manufatura de sabão e um poço com água limpa; dois, atingir a autossuficiência em alimentos; e, três, colocar em prontidão pelo menos uma guarnição, ainda que rota e mal treinada, mas de soldados cuja dedicação seja exclusiva à defesa da fortaleza, algo que depende de uma boa leva de imigrantes já que, correntemente, não possuímos números para tal. É, creio que meu sucesso depende de um tanto de sorte, e depender de sorte não é algo do que eu goste. Ah, planejei também a construção de um cemitério. Afinal teremos de enterrar Aban em breve e, conquanto não sejamos um grupo particularmente velho de anões, muito ao contrário, cedo ou tarde vamos precisar. Todos nós. E prefiro garantir eu mesmo uma boa tumba para mim, com boas gravuras e quem sabe até uma estátua ou duas...

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25 de Granito, 1052
Aban Roda-de-Marfim finalmente sucumbiu à sede. Um fim triste para um bom companheiro e ainda mais triste para nós, que não pudemos provê-lo com aquilo que ele necessitava. Mas assim é o destino daqueles que enlouquecem em busca da perfeição. Precisamos urgentemente escavar um lugar para o descanso final dos companheiros que vierem a morrer, antes que a visão da morte de alguém tão jovem acabe por abater a moral da fortaleza. Outra preocupação é Phillipe Portalança, um dos fundadores de Sacovelho e mineiro por profissão, que está sumido há vários dias. Ordenei buscas pelas minas e também nos campos ao redor da fortaleza, mas até agora não temos sinal dele. E há ainda o fato de que estamos efetivamente sem álcool e com níveis críticos de comida. Ah, que desastre pode cair sobre nós se eu não for rápido a lidar com isso!

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15 de Ardósia, 1052
Imigrantes! Precisávamos de mãos extras na fortaleza e finalmente várias barbas novas chegaram para ajudar. Ao todo são 19 anões, o que faz nossa população dobrar! Espero que não sejam inúteis camponeses sem qualquer habilidade, entretanto. E apesar de já termos alguma bebida, ainda não é muita, melhor que tenham trazido sua própria cerveja.

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18 de Ardósia, 1052
Era só o que faltava... Lokum Pé-de-guilda, a médica chefe da fortaleza, exigiu para si a oficina de artesanato e começou a balbuciar coisas sem sentido... Maldição! Será que não teremos um momento sequer de tranquilidade nesse lugar? O pior é que não sei se ela vai encontrar as tralhas de que precisa para sua "criação primorosa"... diabos... ela quer ossos. OSSOS! Onde vou arranjar ossos? Acho que vou ordenar o abate de um ou ambos os iaques. Espero que seja osso o suficiente para ela. Quer dizer, DOIS IAQUES INTEIROS, não pode ser que falte osso, por Armok!

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28 de Ardósia, 1052
Lokum finalmente terminou sua obra. Eu... nem sei o que dizer. Uma... uma... arca feita inteiramente de ossos. Macabro? À arca ela deu o nome de "O selvagem Carbonizador". Quero isso longe de mim! Vou construir uma caixa-forte nos subterrâneos da fortaleza para abrigar nosso bens mais valiosos e, com sorte, posso esconder essa coisa por lá, longe da vista de qualquer um. Bom, pelo menos ela acabou com sua obsessão e voltou às suas tarefas como médica chefe de Sacovelho. Ah, ainda por cima ela 'enfeitou' a tal da arca com a imagem de algo que ela chama de orca. MAS QUE DIABOS É UMA ORCA? Nah... longe de mim com isso!

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10 de Felsita, 1052

O horror! Tun Criptacicatriz foi encontrado morto na escadaria que leva às minas! Ao que tudo indica, morreu de sede antes de poder chegar ao refeitório. Uma morte que parece idiota, mas de fato não é, já que entre a parte inferior das minas e o refeitório há quase 100 andares de distância. Certamente desceu para trazer alguma pedra para o seu trabalho, sendo ele um pedreiro, mas esqueceu-se de beber antes e... bom, olhando por esse lado, parece uma morte estúpida, de qualquer jeito. Quem diabos se esquece de beber uma boa golada de vinho duarfico¹ (a única bebida disponível por aqui em meses além de... bleargh... água) antes de ir ao trabalho? E ainda por cima falta um lugar para enterrar o estúp... erm... nosso pranteado companheiro... preciso apressar a construção do cemitério.

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11 de Felsita, 1052
Phillipe foi encontrado. Morto, infelizmente. Desidratado, morreu buscando o caminho de volta para a parte superior da fortaleza. Essa escadaria está custando mais vidas do que uma guerra com os malditos goblins, por Armok!

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6 de Hematita, 1052
As coisas têm estado calmas ultimamente. Calmas até demais, considerando o passado recente. Espero que continuem assim, que isso não seja apenas a calmaria que precede a tempestade, como dizem alguns humanos que costumam se meter com navegação, mar e essas coisas. Quem é que pode gostar de viver em uma casa de madeira flutuante movida pelo vento? Muito, muito instável... só os humanos, mesmo...

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27 de Hematita, 1052
Ducim Canalmolhado veio até mim relatar que... está vendo fantasmas... pobre anão. Deve estar impressionado com a morte recente dos companheiros. Ele diz que levou uma surra do fantasma de Aban, e realmente Ducim está todo escoriado, tendo sido levado ao hospital para descansar. Deve ter sido vítima de alguma troça, alguém se aproveitando do fato de o pobre diabo ser tão impressionável. De qualquer forma vou providenciar a finalização do cemitério o mais rápido que der. Vai que... vai que não é só coisa de uma mente impressionada... uhh, calafrio!

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14 de Malaquita, 1052
Finalmente pude colocar nossos companheiros falecidos para descansar. Além disso, ontem chegou uma nova leva de imigrantes. Mais 9 anões para um total de 44 na fortaleza. Temos apenas 30 quartos, de maneira que mandei construir um dormitório coletivo, já que no momento não posso me concentrar em construir mais quartos. Espero que não haja *muita* reclamação a respeito disso.

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28 de Malaquita, 1052
Desta vez foi Caröllina Cercafornalha quem se enfurnou na oficina de artesanato. Está gritando, louca, por blocos, tijolos e... ossos... não, de novo não... MAIS OSSOS? O que há de errado com esse lugar que faz todo mundo ficar obcecado com osso, por Armok! Pelo menos conseguimos arranjar tudo o que ela queria. Agora está lá, trabalhando freneticamente em alguma coisa que ninguém sabe o que é.

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3 de Galena, 1052
Gabrjella Contestasino decidiu dar uma festa no Saguão Principal. Acho que depois de tudo o que já aconteceu desde o começo do ano, era tudo o que precisávamos.
Repare no anão fazendo bundalelê.
!!FESTA DURA!!

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7 de Galena, 1052
Caröllina finalmente desocupou a oficina, e saiu dela com uma espada curta... de osso. "Portão Umbral, a Água-Marinha de Pulmão" foi o nome que ela escolheu para a arma. Se ela quer assim, quem sou eu para dizer o contrário... Apenas estranho o fato de que a espada não leva nenhuma água-marinha. Mas... vou discordar? Eu? Não vou. Principalmente enquanto ela estiver com a espada em sua posse. Pedi a ela que depositasse a arma em nossa caixa-forte, entretanto. Não quero ninguém andando armado pela fortaleza enquanto não tiver montado um esquadrão. E acho que já está em tempo de fazer isso.

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16 de Calcário, 1052
Uma caravana! E é de casa! Nossos compatriotas da Relíquia da Adoração enviaram comerciantes para Sacovelho e creio que haverá muito pelo que trocar. Precisamos de couro para armaduras, já que não há gatos... erm... animais o suficiente para extrairmos por nós mesmos tudo o que vai ser necessário, além de sementes para plantar, algumas armas, gesso e tecido para eventuais ataduras em feridos, alguma variedade de alimentos e bebidas para diversificar nossa dieta e encher as dispensas para o inverno que vem chegando, além de mais uma ou outra coisa de que posso não me lembrar agora. Bem, barbas à obra!
Eu gosto de gatos. Não me julgue.

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1º de Madeira, 1052
Infelizmente nosso comércio com a caravana de Relíquia da Adoração não foi suficiente para prover tudo o que precisávamos. Produzimos pouco em termos de mercadorias de valor para torcar durante esses últimos meses tão concentrado estivemos em nossos projetos para expansão da fortaleza. É reconfortante, ao menos, o fato de que quase todos estão concluídos. Falta apenas colocar de pé o salão de treinamentos para a primeira guarnição de Sacovelho, já selecionada. Foi possível fazer até mais do que o previsto, já que ampliamos um pouco a área cultivável e aumentamos o corredor de entrada da fortaleza, provida de uma nova ponte levadiça sobre um fosso não muito profundo, mas seguro. Ah, com tudo isso até ia me esquecendo: mais uma leva de imigrantes acaba de chegar. São mais nove barbas e estou começando a ficar preocupado com as acomodações que temos. Não creio que tenha tempo para grandes obras com apenas três meses para o fim de meu mandato, mas... veremos o que será possível.

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1º de Selenita, 1052
É chegado o inverno. Tudo parece correr em ordem por agora. Espero que continue assim.

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20 de Selenita, 1052
Claro, não poderia durar muito tempo a tranquilidade em Sacovelho. Adil Tochatentada invadiu a forja e gritou na minha cara por "joias, carvão e METAAAAAAAAAAL". Ameaçou até jogar na minha cabeça uma barra de zinco que eu estava trabalhando, quando fiz menção de protestar. Aquele maluco! Bom, arranjamos o que ele pediu e agora ele está lá, impedindo que eu conclua algumas coisas que tinha em mente por causa de seu "projeto secreto", como ele chamou. Ao menos dessa vez não tem ossos envolvidos, mas mesmo assim espero que ele produza algo que seja útil, ou, pelo menos, bonito.

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5 de Opala, 1052
Sigh... Adil concluiu seu... projeto. Um amuleto, que ele chamou de "Sumiu Detectado". Nem sei como descrever, mas a coisa não acaba no nome. No seu amuleto, ele gravou uma imagem de seu próprio amuleto em cada face. Veja bem: Adil Tochatentada fez um amuleto em cujas faces ele gravou imagens do próprio amuleto que ele fez. Não sei se é um gênio ou um completo idiota, mas, por via das dúvidas, é melhor não contrariar. Vai para a caixa forte, quem sabe depois de Adil morrer essa coisa possa render uma boa quantia em alguma troca com uma caravana...

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25 de Opala, 1052
Ao extrair minérios em uma das seções da mina, alguns anões inadvertidamente perfuraram uma caverna que há algum tempo já se desconfiava que estivesse ali. Graças a Armok o contato entre a fortaleza e a caverna é apenas aéreo. Ao olhar vão adentro, os mineiros puderam identificar sinais de uma batalha recente entre, ao que parece, sapos gigantes e homens-proteus. Pedi que fosse providenciado o imediato selamento da caverna par que evitemos qualquer risco por agora. No futuro, quem sabe, poderemos explorá-la com calma, de preferência com um esquadrão bem treinado e equipado.

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23 de Obsidiana, 1052
Ah, um sinal auspicioso para o ano que vai entrar! O primeiro anão nascido em Sacovelho veio ao mundo hoje! Ou melhor, a primeira anã, Fikod Porretecobalto, filha de Unib Solarmodelo e Sodel Curandeiroestilingues, o escriba da fortaleza. Fiz questão de parabeniza-los e pude até me certificar de que a criança recebesse logo sua primeira mamadeira de cerveja enquanto a mãe repousava por um instante antes de voltar ao trabalho. Longa vida a Fikod, longa vida a Sacovelho!

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1º de Granito, 1053
Hoje finda meu mandato como feitor de Sacovelho. Encontrarei o novo ocupante do cargo em breve e estou atrasado com as notas que pretendo fazer para auxiliá-lo. Felizmente já encomendei as gravuras dos mapas, mas ainda preciso fazer alguns últimos apontamentos ao gerente de produção e ao escriba. Sacovelho cresceu rapidamente e, creio, será alvo dos malditos goblins em pouco tempo. Com sorte meus preparativos nos ajudarão a sobreviver. Logo voltarei a me dedicar integralmente à ferraria, mas não sem alguma saudade da feitoria. Bom, talvez um dia ainda volte a exercê-la, quem sabe.

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As Gravuras encomendadas por Bâhdleop Tintaliado. Não há marcas distintivas de autoria nelas, mas há boatos de que um artista forasteiro fora o autor.






¹Sim, duarfico. Não reclame se não soa bem, preferia que eu chamasse de 'vinho anão'?

P.S.: As notas deixadas a seu sucessor incluíam também essa gravura, da qual nenhum anão foi capaz de retirar qualquer entendimento. Entretanto, vai anexa a este relatório também, na esperança de que futuras gerações saibam decifrá-la:

domingo, 8 de março de 2015

A fundação de Egarfath "Sacovelho"


Saber escolher o melhor local para fundar uma colônia é a arte de decidir se teremos um primeiro ano tranquilo ou caótico. Espero termos escolhido um bom lugar...

Um retrato meu, feito pelo mui amigo Libash
Era o começo da primavera de 1051 da Era dos Mitos. Os relvados estavam viçosos, e os pássaros voltavam do sul. Apenas nas montanhas se via ainda os restos de neve do rigoroso inverno anterior. Eu e meus companheiros atravessávamos a exuberante pradaria, seguindo em direção ao sopé do monte mais próximo. Éramos em sete: eu - Oddïval Chamberbucks, Erush Kadôlator, Phillipe Kûbukozkak, Nish Dogikcatten, Caröllina Sarvesjzokun, Eral Degëltatlosh e Gabjella Ágeshrith, e formávamos a companhia expedicionária Kûbuk Keshan - a "Lança de Chamas", que partiu para fundar uma colônia à serviço do reino de Zaneg Soloz - "A Relíquia da Adoração".
Mapa dos Arredores de Sacovelho
 Após uma lenta subida, finalmente paramos o vagão, estacionado um pouco acima do sopé do monte. Densamente florestado, pareceu-nos o lugar perfeito para fundar a colônia, para fundar nosso futuro. Foi quando percebemos que não sabíamos que nome dar para nossa futura morada. Discutimos por quase uma hora sem que se decidisse nada. Foi quando a velha sra. Degëltatlosh sugeriu que decidíssemos um nome atráves de um velho jogo infantil que consistia em escrever substantivos, verbos e adjetivos em pedaços de papel e tentar formar uma frase escolhendo os pedaços aleatoriamente. Todos concodarmos e retirados os papéis, fundou-se assim o promissor forte

Egarfath

...ou, em língua comum, "Sacovelho".

Nosso primeiro ano requereu muito trabalho e desconforto, mas com a chegada do verão já havíamos conseguido construir um forte razoável. Nossas idéias para grandiosos salões foram adiados com as necessidades urgentes de retirar a carga do vagão, estocar os mantimentos e construir as oficinas, plantações e afins. Escolhemos como a entrada do forte uma pequena entrância na montanha, como uma bacia em meio à um mar rochoso, com uma imponente amendoeira no meio. Era uma visão auspiciosa. E ali fizemos a entrada de "Sacovelho", e muros foram erigidos e os declives nas rochas foram nivelados, de modo que a única entrada fosse pelo portão de pedra no meio da muralha.

Mas apesar de tudo foi um ano tranquilo. Nenhuma invasão de bandidos ou ataque de goblins. Nosso maior inimigo fora a indecisão de nosso líder da expedição, que resultou em situações bastante constrangedoras como a construção de uma ponte levadiça sobre o piso da caverna: Quando içada, qualquer invasor poderia facilmente caminhar pelo corredor até o outro lado. Depois de todo o trabalho para construí-la, nos foi ordenado que ela fosse desmontada para que cavássemos um fosso! A raiva na quantidade de trabalho necessário para a correção desse erro grosseiro nos inspirou e em pouco tempo já havíamos cavado um fosse de quatro níveis de profundidade. Não contente com o erro anterior nosso líder ainda nos mandou cavar um túnel ligando o fundo do poço com um lago próximo e isso quase resultou no meu afogamento e de Kûbukozkak. Felizmente escavamos uma rampa e saímos no último momento, senão, seríamos as primeiras vítimas do nosso próprio fosso.
Isso é que é cavar a própria cova...

No dia 11 de Malachite de 1051 ocorreu a chegada da primeira onda de imigrantes com notícias de nossa terra natal em Hillocks "Elderconstruct" e pavorosos contos sobre infestações de goblins e trolls da Ameaça Maquinal nos campos... Ao menos nosso ânimo melhorou com a chegada do mercador Stinthäd em 10 de Limestone, alegando que nossos esforços eram considerados legendários nas Moradasmontanhesas. Pena que nosso artesão resolveu tirar uma folga e se recusou a preparar quaisquer mercadorias ou artigos que pudéssemos oferecer para negociar, então os mercadores se foram. Pouco depois disso chegaram os imigrantes da segunda onda, já no final do outono.

O inverno chega, e com ele o até então calmo Aban Kolsosad se retira do convívio conosco e começa a perambular pelos cantos, falando sozinho sobre loucuras insondáveis. Assim que uma joalheria é construída ele imediatamente a reclama pra si. Assustados, nossa primeira providência foi instalar uma porta de madeira sólida na oficina e trancá-la, pelo menos até que possamos fornecer os malditos tecidos e as gemas que Aban não para de rabiscar nas paredes. Loucos podem ser perigosos...

Cerca de mês depois Kolsosad fica completamente insano e hostil, e tivemos de trancar a porta de sua oficina. Ver ele enlouquecer porque não conseguiu as gemas que rabiscava nos fez perceber que gastamos tempo demais na infraestrutura do forte, mas não dedicamos nada para a construção de uma mina, uma das principais atividades econômicas dos anões. E assim começamos nossa profunda escavação nas entranhas da terra, encontrando nossas primeiras cavernas. Foi uma grande alegria após a tristeza pelo mal que se abateu sobre nosso companheiro, afinal, diante do prospecto de tamanhas fortunas, o que poderia possivelmente dar errado?

Abaixo, alguns rabiscos da planta do forte como estava no final do inverno de 1051 da Era dos Mitos:
A - Pátio da almendoeira, na entrada;
B - Ponte levadiça e sala de controle do mecanismo de içamento;
C - Entreposto comercial;
D - Plantações internas;
E - Depósito geral;
F - Oficinas, ateliês e manufaturas;

A - Fosso da ponte levadiça;
B - Salão central;
C & D- Depósito dos materiais das oficinas acima;
E - Salão de Banquetes;
F - Depósito de madeira;

A - Final do fosso;
B - Dormitórios;

 A - Construção inacabada do bloqueio e guarda da entrada das minas;

A - Dormitório e depósito de alimentos das minas;
B - Caverna inexplorada;

The foundation of Egarfath "Oldsack"

Knowing how to choose the best place to found a colony is the art of deciding whether we will have a peaceful or chaotic first year. I hope we have chosen a good place ...

A portrait of me, made by my old fellow Libash
It was the early spring of 1051 the Age of Myths. The lawns were lush, and the birds returning from the south. Only in the mountains is still saw the snow remains of strict previous winter. I and my companions crossed the lush prairie, proceeding toward the foot of the nearest hill. We were seven: I - Oddïval Chamberbucks, Erush Kadôlator, Phillipe Kûbukozkak, Nish Dogikcatten, carollina Sarvesjzokun, Eral Degëltatlosh and Gabjella Ágeshrith, and we formed the expeditionary company Kûbuk Keshan - the "Burning Spear", which set out to found a colony to service the kingdom of Zaneg Soloz - "the Relic Worship."
Map of the surroundings of Oldsack
 After a slow climb, finally stopped the car, parked a little up the hill from the foot. Densely forested, it seemed the perfect place to found the colony to found our future. That's when we realized that we did not know what name to give to our future home. We discussed for nearly an hour without being decided nothing. That's when old Mrs.. Degëltatlosh suggested that we decided one by the name of an old children's game that was to write nouns, verbs and adjectives on pieces of paper and try to form a sentence by choosing the pieces randomly. All concodarmos and removed the papers, thus founded our promising fortress

Egarfath

...or, in common speech, "Oldsack".

Our first year required a lot of work and discomfort, but with the arrival of summer we had managed to build a strong reasonable. Our ideas for grand halls were postponed to the urgent needs removing the wagon load, store the supplies and build workshops, plantations and the like. Chosen as the fort's entrance a small indentation on the mountain, like a bowl in the middle of a rocky sea with a towering almond tree in the middle. It was an auspicious vision. And here we input "Sacovelho" and walls have been erected in the rock slopes and were leveled such that the only entrance gate of the stone was in the middle of the wall.

But after all was a quiet year. No invasion of bandits or goblins attack. Our biggest enemy off the indecision of our expedition leader, resulting in very embarrassing situations such as building a drawbridge on the cave floor: When hoisted, any attacker could easily walk down the hall to the other side. After all the work to build it, we were ordered her to be removed so that cavássemos a moat! Anger in the amount of work required to correct this gross error in the inspired and before long we had already dug a were four levels deep. Not content with the previous error still our leader told us to dig a tunnel connecting the bottom with a nearby lake and this almost resulted in my drowning and Kûbukozkak. Fortunately dig a ramp and went out at the last moment, but we would be the first victims of our own moat.
That's digging his own grave ...

On 11 Malachite 1051 was the arrival of the first wave of immigrants with news of our homeland in Hillocks "Elderconstruct" and gruesome tales of goblins and trolls infestations of mechanical Threat in the fields ... At least our spirits rose with the arrival of Stinthäd merchant on 10 Limestone, claiming that our efforts were considered legendary in Moradasmontanhesas. Too bad our craftsman decided to take time off and refused to prepare any goods or articles that we could offer to negotiate, then the merchants are gone. Shortly after that came the immigrants of the second wave, at the end of autumn.

Winter comes, and with it the hitherto peaceful Aban Kolsosad withdraws from living with us and begins to roam the corners, talking to himself about unfathomable follies. Once a jewelry store is built it immediately calls to himself. Frightened, our first step was to install a solid wood door in the workshop and lock it, at least until we can provide the damn tissues and gems that Aban not to scribble on the walls. Crazy can be dangerous ...

About month later Kolsosad is completely insane and hostile, and we had to lock the door of his workshop. Seeing him go crazy because not got the gems that scribbling made us realize that we spend too much time on strong infrastructure, but not dedicated nothing to build a mine, one of the main economic activities of the dwarves. And so began our digging deep in the bowels of the earth, finding our first caves. It was a great joy after sorrow for the evil that has befallen our fellow, after all, before the prospect of such great wealth, what could possibly go wrong?

Below are some blueprint scribbles of the fortress as it was in late winter of 1051 of the Age of Myths:
A - Courtyard with almond tree at the entrance;
B - Drawbridge and control room of the lifting mechanism;
C - Commercial Outpost;
D - Internal Plantations;
E - General Depot;
F - Workshops and manufacturing;

A - Ditch the drawbridge;
B - Central Hall;
C & amp; D- deposit materials of the above workshops;
E - Banquet Hall;
F - wood storage;

A - Pit' bottom;
B - bedrooms;

 A - unfinished construction lock and guard the entrance of the mine;

A - Dormitory and food warehouse mines;
B - unexplored cave;